quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Regras do Laboratório

Segurança no Laboratório de Química






Regras Gerais de Segurança

1- Não comer, beber, fumar ou guardar alimentos no laboratório.

2- Nunca trabalhar no laboratório sem a presença do professor.

3- Utilizar os aparelhos só depois de ter lido e compreendido as respectivas instruções de manuseamento e segurança.

4- Antes de efetuar qualquer atividade experimental, ler com atenção o protocolo experimental e procurar compreender a sua finalidade.

5- Manter as bancadas limpas e arrumadas, o chão limpo e seco, e as passagens desobstruídas.

6- Efetuar o trabalho laboratorial sempre de pé.

7- Todos os recipientes que contenham produtos devem estar devidamente rotulados.

8- Reagentes e equipamento devem ser arrumados após ter terminado a sua utilização.

9- Os bicos de gás apenas devem ser acendidos quando for necessário e deve ser vigiado o seu funcionamento.

10- Não aquecer recipientes fechados.

11- Colocar o material de vidro partido ou rachado em recipiente próprio.

12- Realizar na hotte (lugar ventilado) os trabalhos que envolvam libertação de gases ou vapores.

13- Findo o trabalho experimental, verificar se as torneiras de água e de gás se encontram fechadas e se os aparelhos elétricos foram desligados.



Proteção pessoal

1- Usar bata de algodão para proteção do corpo e do vestuário, não a usando, no entanto, fora do laboratório.

2- Atar o cabelo.

3- Não usar lentes de contacto no laboratório.

4- Usar óculos de segurança sempre que necessário, ou até écrans de protecção se o trabalho envolver risco de explosão.

5- Não cheirar nem provar produtos químicos.

6- Não pipetar com a boca.

7- Não manipular reagentes sólidos com as mãos.

8- Utilizar luvas sempre que necessário.

9- Usar pinças para manusear material quente.

10- Remover quaisquer salpicos de reagentes da pele, utilizando água e sabão.

11- Não usar anéis no laboratório, para que os reagentes não se alojem sob os anéis.

12- Usar sempre sapatos com solas antiderrapantes.

13- Sempre que o trabalho envolva a produção de poeiras ou gases nocivos devem ser usadas máscaras respiratórias.

14- Lavar as mãos com água e sabão, depois de terminado o trabalho.



Armazenamento de reagentes

O armazém de reagentes deve ser fresco, com iluminação e ventilação, e, obviamente, separado do laboratório propriamente dito.

Os reagentes deverão ser guardados atendendo aos seguintes aspectos:

1- O acesso deve ser fácil.

2- Quando a realização de atividade experimental, devem ser retirados apenas os indicados no protocolo, devolvendo-os imediatamente aos respectivos lugares, a partir do momento em que não sejam necessários.

3- Deve ser feito um controlo de entradas e saídas a fim de possibilitar um eficaz reabastecimento.

4- Os reagentes inflamáveis, tóxicos e explosivos devem ser reduzidos ao mínimo indispensável.

5- Devem ser arrumados de acordo com a sua classificação segundo as categorias: inflamável, tóxico, explosivo, oxidante, corrosivo, nocivo ou radioativo. Os reagentes sensíveis à água, como o caso dos metais alcalinos e alcalino-terrosos devem ser afastados dos restantes, bem como os gases comprimidos.

Nota 1: No Laboratório de Química não possuímos qualquer reagente radioativo, nem tão pouco gases comprimidos.

Nota 2: A arrumação dos reagentes por ordem alfabética não deve ser solução sempre que viole o ponto 5..



Identificação dos reagentes

Para o utilizador do laboratório é fundamental a identificação de um produto químico, bem como as suas propriedades potencialmente perigosas, a fim de trabalhar em condições de segurança.

A identificação dos produtos químicos comerciais é feita por meio de um rótulo, onde são indicados, para além da marca do fabricante ou do vendedor, o nome químico, símbolos e fases de aviso sobre as suas propriedades perigosas, o grau de pureza, a fórmula molecular e outras especificações, como a densidade, o ponto de fusão, o ponto de ebulição, listagem da percentagem de impurezas,...

Todos aqueles cuja temperatura de inflamação, "flash point", é inferior à temperatura ambiente. ( acetona, ácido acético, álcool etílico )

Deve evitar-se o uso de recipientes de vidro para guardá-los devem ser colocados em armários metálicos resistentes ao fogo e à explosão.


Todos os que oferecem elevado risco de envenenamento, e morte, por ingestão, inalação e/ou absorção cutânea. ( benzeno, mercúrio, tetracloreto de carbono )

Devem ser separados dos reagentes inflamáveis, ácidos e quaisquer compostos em contacto com os quais formem substâncias tóxicas. Reagentes que formem compostos tóxicos em contacto com a unidade devem ser protegidos desta.


Todos os que, devido ao choque, impacto ou à exposição ao calor, faísca ou chama, podem explodir. ( perclorato de magnésio, dicromato de amónio, peróxidos )

O armazenamento destes reagentes deve ser feito em local isolado.


Todos os que podem iniciar uma reação de combustão. ( óxidos, peróxidos, nitratos, cloratos, percloratos, cromatos, dicromatos, permanganatos )

Não devem ser armazenados junto de reagentes combustíveis.


Todos os que destroem os tecidos vivos. ( a maior parte dos ácidos, hidróxido de sódio, hidróxido de potássio )

Devem ser armazenados em local fresco.


Todos os que, por ingestão, inalação e/ou absorção cutânea, podem causar a morte, afecções agudas ou crônicas.




Todos os que, presentes no ambiente, representam, ou podem representar, um risco imediato ou diferido para um ou mais compartimentos do ambiente.




Todos os que, por ingestão, inalação e/ou absorção cutânea, podem produzir defeitos genéticos hereditários, ou aumentar a sua freqüência, bem como provocar o cancro, ou aumentar a sua incidência.






Seguem-se de seguida alguns indicadores de temperatura característicos de combustíveis.

Temperatura de inflamação

"flash point" Temperatura de combustão

"fire point" Temperatura de auto-ignição

"ignition point"

Temperatura mínima à qual os vapores emanados se inflamam na presença de uma fonte de energia de ativação externa, faísca ou chama, apagando-se de seguida. Temperatura a partir da qual os vapores emanados se inflamam na presença de uma fonte de energia de ativação externa, faísca ou chama, continuando a queimar-se na ausência desta. Temperatura, muito acima das temperaturas de inflamação e combustão, à qual os vapores emanados entram em combustão espontânea por ação do calor.



Produto "flash point" (ºC) "fire point" (ºC) "ignition point" (ºC)

álcool etílico (etanol) 13 78 423

éter etílico -45 35 180

acetona (propanona) -18 - 538

gasolina -43 40 a 205* 280

querosene 60 - 160 a 250*

*depende da composição da mistura



Fogos e sua extinção

O fogo resulta da combinação simultânea de 3 fatores: combustível, calor (energia de ativação) e oxigênio.

Se qualquer destes fatores for eliminado ou isolado dos outros, o fogo irá diminuir de intensidade e então extinguir-se-à.

Os métodos de extinção são: inibição (retirada ou isolamento do combustível), arrefecimento (diminuição do calor, energia de ativação) e abafamento (redução ao mínimo ou eliminação do oxigênio).

classe de fogo método de extinção agente extintor

A-Resulta da combustão de materiais sólidos, geralmente de natureza orgânica-papel, madeira, palha, têxteis, carvão inibição, abafamento, arrefecimento água, espumas, pó químico ABC

B-Resulta da combustão de hidrocarbonetos e de líquidos inflamáveis-éteres, álcoois, acetona, vernizes, óleos, ceras, resinas, parafinas inibição

abafamento arrefecimento água pulverizada, espumas, pó químico BC e ABC, CO2

C-Resulta da combustão de gases ou de gases liquefeitos, sob pressão-metano, propano, butano, acetileno (etino) inibição pó químico BC e ABC, CO2 *

D-Resulta de metais pulverizados e suas ligas-sódio, potássio, magnésio, urânio, plutónio abafamento

arrefecimento pó químico adequado, halon

*antes da ação do agente extintor devem fechar-se as torneiras das condutas de modo a evitar explosão



Incompatibilidades químicas de algumas classes e produtos químicos individuais

acetona água oxigenada, ácido nítrico, ácido sulfúrico

ácido acético (etanóico) ácido crómico, ácido nítrico, permanganatos, peróxidos

ácido nítrico ácido acético, ácido cianídrico, ácido crómico, acetona, álcool, anilina, sulfureto de hidrogénio, líquidos e gases inflamáveis, substâncias nitráveis

ácido oxálico (etanodióico) mercúrio, prata

ácido sulfúrico cloratos, percloratos, permanganatos

ácido perclórico anidrido acético, álcool, bismuto, papel, madeira, gorduras, óleos

ácidos bases, cianetos, metais

agentes oxidantes agentes redutores, carvão activado

água oxigenada (peróxido de hidrogénio) anilina, nitrometano, crómio, ferro, a maior parte dos metais e respectivos sais, líquidos inflamáveis e materiais combustíveis

amoníaco mercúrio, bromo, cloro, iodo, fluoreto de hidrogénio, hipoclorito de cálcio

cobre acetileno (etino), água oxigenada

cloratos ácidos, sais de amónio, metais e compostos orgânicos, enxofre, materiais combustíveis

hidrocarbonetos ácido crómico, bromo, cloro, flúor, peróxidos

hipocloritos ácidos

iodo acetileno (etino), amónia, amoníaco

mercúrio acetileno (etino), amónia, amoníaco, ácido nítrico, etanol

metais alcalinos e alcalino-terrosos água, dióxido de carbono, hidrocarbonetos clorados

nitratos e nitritos ácidos

óxido de cálcio água

oxigénio óleos, gorduras, hidrogénio, gases inflamáveis, líquidos inflamáveis, sólidos inflamáveis

permanganato de potássio ácido sulfúrico, aldeído benzóico, etilenoglicol, glicerina (glicerol ou 1,2,3-propanotriol)

sulfureto de hidrogénio ácido nítrico, gases oxidantes



Perigos específicos

É da máxima importância para a prevenção de acidentes conhecer os perigos potenciais das substâncias com que se trabalha.

Assim, nos rótulos de alguns produtos tóxicos, podem vir informações respeitantes a esses perigos, sob a seguinte forma:

DL50 (Dose Letal) Quantidade, em mg/kg, isto é, mg de substância ingerida, inalada ou absorvida pela pela, por kg de massa corporal, que provoca a morte de 50% dos indivíduos a ela expostos.

VLE (Valor Limite de Exposição) Concentração de substâncias nocivas, às quais se julga que a quase totalidade das pessoas pode estar exposta, dia após dia, sem efeitos prejudiciais para a saúde.

VLE-MP (VLE-Média Ponderada) Quantidade de substância, expressa em concentração média diária, para um período de exposição de 8h, e 40h semanais, ponderada em função do tempo de exposição a que uma pessoa poderá estar exposta sem que se registrem efeitos adversos.

VLE-CD (VLE-Curta Duração) Quantidade de substância, que poderá ser 3x maior que o Valor Limite de Exposição, a que uma pessoa poderá estar exposta em períodos de 30min, não ultrapassando as 5 exposições, e não excedendo o valor total diário a que poderá estar exposta sem que se registrem efeitos adversos.

Nota: O Valor Limite de Exposição também pode ser designado por VLT, Valor Limite de Tolerância.

Alguns exemplos:

Substância VLT (mg/m3) Perigos envolvidos

ácido acético 25 Líquido inflamável. Evitar a inalação do vapor e o contacto com a pele e olhos devido ao perigo de queimaduras.

ácido clorídrico 5 Líquido muito corrosivo. Causa queimaduras nos olhos e na pele. O gás que se liberta rapidamente do concentrado, cloreto de hidrogênio, é tóxico e irritante.

ácido nítrico (azótico) 5 Líquido fumante extremamente corrosivo. Liberta fumos muito tóxicos que afetam os olhos e as vias respiratórias.

ácido oxálico (etanodióico) 1 As partículas do sólido inflamam as vias respiratórias. Tanto o sólido como as suas soluções irritam os olhos.

ácido sulfúrico 1 Soluções concentradas produzem queimaduras graves nos olhos e na pele. Soluções diluídas irritam os olhos e a pele.

amoníaco e amônia 18 O gás tem um cheiro desagradável que irrita os olhos e as vias respiratórias. A solução aquosa (amônia) pode provocar queimaduras nos olhos e na pele, libertando amoníaco.

chumbo e derivados 0,15 A inalação de poeiras ou a ingestão de sais de chumbo pode causar lesões internas graves acompanhadas de vômitos, diarréias e colapsos.

cromatos e dicromatos 0,10 As suas partículas irritam a pele, os olhos e as vias respiratórias. O contacto prolongado com a pele produz úlceras, sendo cancerígenos.

iodo 1 Sólido que queima a pele, libertando vapores nocivos que irritam os olhos e as vias respiratórias.

Prof. Leandro Violante

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